Mais do que a aprovação por unanimidade da união civil homossexual, os votos dos ministros surpreenderam por algo infinitamente superior ao mero aspecto legal na formulação de seus arrazoados: ele foram sensíveis, eles foram humanos, eles revelaram gente da melhor qualidade.
A vasta e erudita argumentação técnica de seus votos, aulas extraordinárias para nossos ouvidos, não escondeu um momento sequer sua genuína e até emocionada intenção de colocar um fim, pelo menos por enquanto, no limbo em que o grupo ora beneficiado se encontrava.
Eu disse limbo? Melhor seria dizer um pântano venenoso, pestilento, recheado de preconceitos do pior caráter, da pior matiz.
E por que “por enquanto”? Porque o nosso Congresso tem que jogar fora sua covardia e suas convenientes inércia, acomodação e indiferença, votando e colocando rapidamente no ordenamento o ora definido pelo Supremo.
É importante também cobrar esses mesmos políticos para que não se curvem aos grupos obscurantistas que pegaram trechos de textos sagrados, alguns realmente muito bem escritos, distorceram o que na origem foi um guia de conduta, convivência e tolerância entre desiguais e o transformaram em manual de terrorismo e perseguição.
E essa cobrança não pode ser unicamente dos interessados diretos, mas de todos nós que minimamente acreditamos na existência de direitos básicos de cidadania.